Poderia
Poder-ia talvez fazer brilhar o sol
Em teus olhos de longínquos horizontes
De nuvens cinzentas e soturnas
De céu entardecido e frio
Poderia talvez fazer cantar
Qual riacho que desce das montanhas
Teu coração planeta
Doce e tristonho
Teu coração pleno de silêncios.
Poderia talvez
Fazer com que sorrissem
Teus lábios de pitanga madura
Lábios de mel e vinho
Lábios de rubi prisioneiro.
Poderia talvez
Cair como uma chuva mansa lenta
Sobre o trigal sedento de teu peito
Sobre o teu corpo de contida agonia
Sobre o teu jeito de mulher criança.
Poderia talvez
Nas longas noites da vida
Aquecer-te mãos pés e nariz
De Sul a Norte aquecer-te toda
Aquecer tua alma ainda nua
Poderia enfim
Penso eu
Imodesto
Apagar em ti o ontem e o amanhã
Te por na platéia como fã de ti mesma
Fazer-te esquecer a palavra solidão.
Poderia.
MARIO WALLACE
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